O coautor de “Chapeuzinho vermelho” foi também o fundador da primeira “Lei Fonética” e um dos principais iniciadores do método histórico-comparativo

Por: Natália Silva, Vitória Ferreira, Gabriel Cordeiro, Juliana Pereira, Ana Luiza Pereira, Bárbara Teodoro, Carolina Machado e Melissa Leal  

Estudantes do Curso de Letras do IFMG Campus Congonhas

Você pode não conhecer Jacob Grimm pelo nome, porém, com certeza, já ouviu falar sobre algum conto dele, que é reconhecido pela criação de inúmeros contos junto com seu irmão Wilhelm Grimm, como “Cinderela”, “Chapeuzinho Vermelho” e “João e Maria”. No entanto, Grimm teve também um papel de destaque na linguística. Sua maior contribuição foi a aplicação do método que ficou conhecido como Lei de Grimm, a primeira de muitas “leis fonéticas” criadas ao longo do século XIX para explicar transformações sonoras específicas.

Quem foi Jacob Grimm?

Nascido em 1785, na cidade de Hanau, Jacob Grimm formou-se em Direito na Universidade de Marburg, influenciado pelo legado de seu pai. Anos mais tarde, foi nomeado professor e bibliotecário, ministrando disciplinas que abrangiam antiguidades legais, gramática histórica, história literária e diplomacia. Além disso, dedicou-se à explicação de poemas alemães antigos e ao estudo minucioso da obra “Germânia”, de Tácito.

Sua memória notável permitia dispensar o uso de manuscritos. Ele falava de improviso, recorrendo apenas a algumas anotações em um pedaço de papel. Grimm iniciou sua carreira docente um pouco tarde e não obteve sucesso como professor, pois encontrava dificuldades em adaptar os fatos ao nível de compreensão de seus alunos. Posteriormente, uniu-se a outros acadêmicos em um protesto contra a ab-rogação da Constituição pelo Rei de Hanover. Como resultado desse ato, Jacob foi demitido e banido do Reino de Hanover em 1837. Ele foi forçado a retornar a Kassel, juntamente com seu irmão, que também assinara o protesto. Permaneceu lá até 1840, quando aceitou um convite do rei da Prússia para mudar-se para Berlim, junto com seu irmão. Em Berlim, ambos ocuparam cátedras e foram eleitos membros da Academia de Ciências.

Enquanto residia em Kassel, frequentava regularmente as reuniões da Academia, onde lia artigos abrangendo uma ampla variedade de temas. Entre esses tópicos, destacam-se Lachmann, Schiller, velhice e a origem da linguagem. Suas obras eram um equilíbrio entre observações mais abrangentes e detalhes linguísticos. Ele tinha o hábito de escrever para a imprensa com notável rapidez, raramente realizando correções ou revisões em suas obras. Isso o diferenciava de seu irmão, que costumava revisar minuciosamente seus escritos antes de enviá-los para publicação.

Estudos linguísticos realizados por Jacob Grimm

Jacob Grimm e Wilhelm Grimm eram estudiosos de linguística, direito, poesia e literatura. Em 1838, iniciaram a publicação de um dicionário alemão, mas este foi elaborado apenas até a palavra “Frucht” (fruta). O trabalho foi concluído em 1961, 123 anos depois. Apesar do grande volume de estudos em conjunto, Jacob Grimm foi quem ficou mais conhecido no campo da linguística. Ele foi um dos principais estudiosos do método histórico-comparativo, dedicou-se ao estudo do alemão e chegou a ser considerado o pai da germânica. Para ele, o estudo da fonética e da morfologia eram importantes para a compreensão da cultura nacional. Defendeu ainda a ideia de que o ensino de gramática nas escolas era feito de forma equivocada. Grimm acreditava que a sabedoria da fala estava no povo, e não na perspectiva normativista.

A análise da mutação consonantal germânica é considerada a maior contribuição de Grimm à linguística histórico-comparativa. A Lei de Grimm foi a primeira de muitas leis da gramática e teve grande impacto nos estudos linguísticos por explicar transformações sonoras específicas nos estudos de gramática comparativa.

Grimm trabalhou até o fim de sua vida e faleceu em Berlim, aos 78 anos de idade.

Fonte: BAGNO, Marcos. Uma história da linguística. São Paulo: Parábola, 2023.

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