A hora e vez da visita de estudantes do curso de Letras do IFMG-Congonhas a Cordisburgo-MG

Sabadamos com Guimarães Rosa! Sua cidade natal, seu estilo e sua vida encheram nosso espírito docente de vida e nosso Instagram de fotos

Por Rafael Batista Andrade

Professor do IFMG-Congonhas e Coordenador do ComuniCong

No primeiro semestre de 2020, eu havia mencionado pela primeira vez, em minha disciplina de Análise do Discurso, um trabalho meu sobre o Museu Casa Guimarães Rosa. Trata-se do resultado de uma pesquisa realizada em 2018 com a Andreia Resende e o Átila Vital. Ao atrelar o estudo do discurso institucional e da formação de analistas de discurso juniores, propus uma visita ao museu e à Gruta do Maquiné aos estudantes da disciplina. Com a pandemia de Covid-19, não conseguimos realizá-la. Mesmo depois do fim desse período trágico, a falta de recursos financeiros para visitas técnicas me convenceu que a menção ao trabalho deveria continuar, mas sem a proposta da visita.     

A insistência de alguns estudantes, contudo, convergiu com o momento de liberação de recursos para esse tipo de visita técnica. Foi dessa forma que alguns alunos e algumas alunas daquela turma de Análise de Discurso de 2020, formandos agora em agosto de 2023, conseguiram reunir um grupo de 33 estudantes, de todos os períodos do curso, para finalmente realizarmos a visita no dia 08 de julho de 2023. Sabadou! Melhor: sabadamos com Guimarães Rosa! Sua cidade natal, seu estilo e sua vida encheram nosso espírito docente de vida e nosso Instagram de fotos. Afinal, não apenas de textos verbais vivem os estudantes de Letras.  

Essa atividade ilustra muito bem a sede que temos pela valorização da educação no nosso país. A crise enfrentada por diversos cursos de licenciatura tem merecido algum espaço de debate, porém essa discussão precisa ser ampliada. Não parece razoável que passemos tanto tempo estudando, por exemplo, a obra de Guimarães Rosa sem ter a oportunidade de realizar atividades discursivas como essa, que exigem o emprego da língua em situações diversas de comunicação. E aqui há uma contradição. Documentos como a Base Nacional Comum Curricular sugere o ensino da língua com esse foco, mas será que os cursos de licenciatura em Letras têm oferecido condições para graduandos realizarem o emprego real da língua para depois replicar tais experiências com estudantes do ensino básico?

Enfim, nessa minha terceira visita a Cordisburgo, lembrei-me do primeiro conto que li de João Guimarães Rosa, A hora e vez de Augusto Matraga, e da minha primeira visita ao museu, quando ainda era graduando do curso de Letras na PUC-Minas. Tenho certeza de que todos os estudantes que participaram desse evento se recordarão do dia 08 de julho de 2023 no futuro. Tal lembrança poderá inclusive servir como estopim para a escrita de um texto como este ou de outros gêneros de discurso. Parece faltar, contudo, um olhar mais atento para a estrutura dos cursos de formação de professores. Da mesma forma que são cobrados conteúdos básicos para garantir a boa e necessária formação de licenciandos em Letras, é preciso também garantir os recursos necessários para conhecermos diversas instituições relacionadas com a língua portuguesa e delas usufruirmos.

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