Mara Fagundes ingressou no curso de Letras do IFMG-Congonhas em 2019. Nesta entrevista, ela compartilha algumas informações sobre a escrita de seu livro e como o curso e seus professores a influenciaram nessa jornada literária. Ela também revelou que seu interesse pela escrita remonta há bastante tempo e explicou a origem de sua paixão.
Por Isabella Reis e Monique Evelyn
Eu vi, no curso, a possibilidade de me tornar uma escritora melhor no futuro e também de me dedicar a uma área de que gosto. Descobri, no entanto, que Letras vai muito além do que eu pensava e, com certeza, aprendi bem mais do que estava buscando”
Você já está no 9° período do curso de Letras no IFMG. Como tem sido sua trajetória até aqui? No início, o que te motivou a ingressar no curso?
Eu sempre tive interesse pela docência, desde pequena, mas nunca havia pensado, de fato, na possibilidade de trabalhar com isso. Foi no ensino médio, motivada principalmente pelo meu gosto pela escrita e pelo desejo de aprimorar essas habilidades, que resolvi entrar na graduação em Letras. Eu vi, no curso, a possibilidade de me tornar uma escritora melhor no futuro e também de me dedicar a uma área de que gosto. Descobri aqui, no entanto, que Letras vai muito além do que eu pensava e, com certeza, aprendi bem mais do que estava buscando.
Ao longo dos períodos do curso de Letras, seu livro, “No silencio da escuridão”, foi publicado. Quais foram suas inspirações e os principais desafios ao longo desse processo de escrita? Você tinha um cronograma específico ou escrevia quando sentia inspiração?
As minhas inspirações vêm principalmente do conteúdo que eu consumo (cinema e literatura) ou mesmo de questões cotidianas que observo. O enredo de “No Silêncio da Escuridão” nasceu ainda no meu ensino médio; eu já tinha o hábito de escrita na época, mas, até então, nunca tinha produzido nada voltado para o romance policial, por isso o desafio já começou aí. Como estava acostumada com romances, dramas e fantasias, organizar um livro com investigação como tema central foi muito difícil, uma vez que eu não podia deixar nenhum ponta solta ou colocar uma pista óbvia demais e no momento errado. Por fim, preciso ressaltar que eu não sou muito boa em seguir planejamentos, marcando quando e o quanto escrever, mas também não posso esperar pela inspiração, já que o processo de criar um livro é muito demorado. Gosto de me dedicar a isso nos momentos em que estou descansada e escrever até quando aguentar, sem traçar metas em relação à quantidade. Lido melhor com a escrita assim, quando me sinto mais livre.
Conciliar os estudos com a produção de um livro não é tarefa fácil. Como você se sente ao ver seu livro finalizado e publicado? Tem recebido muitos feedbacks? Quais os livros, autores favoritos ou professores da graduação que influenciaram sua escrita?
“No Silêncio da Escuridão” é o meu primeiro livro publicado, então é natural que eu me sinta, ao mesmo tempo, imensamente feliz e cheia de inseguranças. Estou no início da caminhada ainda, tenho um longo caminho a percorrer para atingir todos os meus objetivos. No entanto, não posso negar que já tenho recebido bons feedbacks nesse início. É difícil dizer quais livros e autores influenciaram a minha escrita; acho que aprendi um pouco com todas as obras que li (e assisti) na vida. Todas elas afetaram minha forma de ver o mundo e de criar meu próprio mundo dentro dos livros. Um autor de que gosto bastante, embora eu não sinta que tenha alguma relação entre ele e a minha escrita especificamente, é o Edgar Allan Poe. Lembro até hoje o primeiro contato que tive com ele: foi no ensino médio, mais ou menos na época em que surgiram as ideias para o meu livro. Lemos “Os Assassinatos da Rua Morgue”, um conto do Poe com temática de investigação. Quanto aos professores do IF que influenciaram minha escrita, eu diria que a pessoa que mais impactou na minha forma de escrever foi a Ana Rachel. No primeiro período de Letras se não me engano, fizemos uma disciplina de produção de textos acadêmicos. Minha escrita melhorou muito durante esse primeiro semestre, principalmente na questão da organização do texto. Isso foi essencial para que eu conseguisse, de uma vez por todas, montar a ordem dos acontecimentos de “No Silêncio da Escuridão” e finalmente escrever o livro que já estava encalhado há três anos.
O mundo da produção literária é realmente muito vasto. Cite alguns conselhos que você daria para os estudantes de Letras que também desejam se aventurar na escrita.
Acho que o conselho mais importante e que eu tento seguir sempre (embora não seja fácil pensar assim o tempo todo) é não se julgar. Deixe as palavras saírem livremente; depois que estiver tudo pronto, releia e faça os ajustes e as mudanças necessárias. Nenhum texto fica perfeito na primeira versão. Outro conselho que eu tento seguir é que, uma hora, a gente precisa dizer “chega”. Se lermos um texto nosso dez vezes, em todas elas teremos pontos a melhorar, pois a escrita nunca parece boa aos nossos olhos. Então, precisamos aprender a reconhecer quando o texto está pronto e a hora de passar para o próximo passo. Caso contrário, nunca vamos terminar. E, por fim, mas não menos importante, não tenha medo de arriscar. O começo de tudo é sempre difícil, mas ver o nosso sonho sendo realizado faz todo o esforço valer a pena.
Com a formatura já se aproximando, quais são suas expectativas na área de Letras hoje? Além disso, como estão seus planos como escritora? Pretende publicar mais livros?
Minhas expectativas são altas para o futuro: quero ter mais experiências em sala de aula, aprender outros idiomas e investir na formação continuada, embora eu ainda não saiba ao certo qual área seguir. O curso de Letras abre tantas possibilidades que é até difícil escolher! Quanto ao mundo literário, tenho planos de publicar pelo menos mais dois livros físicos entre 2023 e 2024 (um romance adolescente que já estou editando e uma fantasia) e também pretendo investir na publicação de e-books (que são mais práticos e demandam um investimento financeiro menor) a partir do ano que vem, já que estou com várias histórias em andamento.