Resenha: Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro

A autora oferece caminhos de reflexão para aqueles que desejam aprofundar sua perspectiva sobre a discriminação racial, o racismo estrutural e assumir a responsabilidade de mudar esse status quo

Por Felipe Gustavo de Paula Vieira / ComuniCong

Neste Pequeno Manual Antirracista, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro explora temas atuais como racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejo e emoção. Em onze capítulos curtos, mas conclusivos, a autora oferece caminhos de reflexão para aqueles que desejam aprofundar sua perspectiva sobre a discriminação racial, o racismo estrutural e assumir a responsabilidade de mudar esse status quo.

O livro de Djamila Ribeiro, além de expressar reflexões, traz orientações sobre o povo negro e suas causas, bem como um balanço dos resultados alcançados por meio desses temas. Dessa forma, busca-se enfaticamente que o leitor reconheça os sintomas de uma sociopatologia conhecida como racismo para respeitar a diferença. Isso porque o paradigma social que alimenta a opressão e, neste caso, o silêncio de espectadores e protagonistas mantém em movimento as engrenagens do racismo.

Por isso mesmo, autora traça um interessante contraste ao mostrar ao leitor a prática cultural de homenagear um negro como um preparador cultural, sua eterna luta e sua história. Assim, esse trabalho é dirigido àqueles que não subscrevem práticas preconceituosas em nenhuma circunstância. Daí a importância de se compreender os impactos da escravidão até os dias de hoje.

A escravidão é uma das maiores marcas da história brasileira, e suas cicatrizes são visíveis hoje, por meio das desigualdades existentes entre brancos e negros, confirmando o entendimento de que somos uma nação racista. Discutir essa questão é necessário e fundamental para minimizar as consequências de séculos de escravidão que repercutem no século XXI, o que pode ser observado nas dificuldades de acesso a direitos básicos como saúde e educação, por exemplo.

Djamila expõe em seus capítulos uma linguagem clara e acessível mostrando o quanto a escravidão moldou a vida da população negra que reflete até os dias atuais, orientando os leitores para que os assuntos sejam vistos de forma crítica e reflexiva. O capítulo sete, “Lendo escritores negros”, discute até que ponto a literatura de autoria negra precisa ser disseminada em espaços intelectuais e por que razão não está amplamente disponível nas escolas.

Portanto, ler autores negros é conhecer a história brasileira por outra perspectiva. O silêncio sobre a obra desses autores se reflete em um debate enfraquecido sobre questões inerentes à nossa sociedade, como o racismo. O livro de Djamila Ribeiro inspira os leitores a exercitarem o autoconhecimento e trabalharem de forma transversal para compreender as desigualdades e assimetrias da nossa sociedade. Buscar questionar o sistema e entender que vivemos em um país tão racista é o que o livro nos ensina para chegarmos a esta conclusão: “Então, vamos todos nos posicionar contra o racismo!” 

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