Indicação cinematográfica: As vantagens de ser invisível

Por Eder Anicio Duarte Junior | Estudante 4º período de Letras (IFMG-Congonhas)

Temas fortes como suicídio, abuso sexual, relacionamentos abusivos e depressão são abordados de maneira belíssima

O filme “As vantagens de ser invisível” (2012), baseado no livro homônimo do autor Stephen Chbosky, proporciona uma jornada sensível e incrivelmente marcante para seus telespectadores. A obra mostra de forma delicada como é desafiante crescer e amadurecer em meio ao caos que os anos escolares podem se tornar, e consegue abordar uma variedade de temas extremante delicados e necessários de serem discutidos.

Stephen Chbosky, além de ser o autor do livro que deu origem ao filme, é também o diretor da adaptação cinematográfica e, talvez, tenha sido por essa razão que o filme escapa da terrível maldição que a maioria das adaptações de livros carregam: O fato de serem completamente destoantes de suas histórias originais, causando aversão nos fãs. No caso do filme “As vantagens de ser invisível” temos uma obra adaptada quase que fielmente a sua obra original, o que proporciona uma experiência fantástica para aqueles que tiveram a chance de acessar a história primeiramente pelas páginas.

Na história do filme, acompanhamos o dia a dia do garoto Charlie, de 15 anos, que está em meio a uma luta para tentar seguir sua vida e se manter firme após uma tragédia recente. Charlie perdeu seu melhor amigo, que se suicidou, e isso o faz com que ele se sinta muito solitário e perdido. Em meio a essa confusão de sentimentos, o protagonista tenta fazer novas amizades e seguir o seu ano letivo da melhor forma que pode, porém existem vários desafios que ele precisa superar para conseguir avançar em sua jornada. No meio desse turbilhão, Charlie conhece dois irmãos que passam a ser grandes amigos e companheiros para esse garoto sensível e notável. A maravilhosa Sam e o fantástico Patrick são parte do grupo dos desajustados do colégio e não se encaixam em nenhum padrão de grupos que existem ali. Esse grupo enxerga Charlie como um dos seus e assim ele é inserido aos poucos em um convívio cheio de novas experiências e emoções nas semanas seguintes.

Tudo parece que vai dar certo e que as coisas vão se ajustar, mas Charlie não é um garoto comum, já nas primeiras cenas percebemos que ele é único em meio aos outros e se interessa bastante pela leitura e pelas músicas que acabam sendo elementos muito presentes na sua trajetória. Além disso, ele parece ter bloqueado uma memória antiga envolvendo sua amada e querida tia, que faleceu quando ele era uma criança. Sua tia era uma das pessoas que ele mais amava na vida e perdê-la certamente moldou bastante seus sentimentos e comportamentos, pois ele se sentia responsável por essa fatalidade ter acontecido.

O filme pode parecer ser uma simples história sobre o famoso High School americano, que inspira tantas outras obras cinematográficas por aí, mas aos poucos ele vai se revelando uma jornada intensa de autoconhecimento, autoaceitação e superação. Temas fortes como suicídio, abuso sexual, relacionamentos abusivos e depressão são abordados de maneira belíssima e muito cuidadosa, o que nos faz ficar envolvidos e apaixonados pela história até a sua conclusão, e após dela também.

É muito difícil sair ileso desse filme. Um dos pontos mais marcantes nessa jornada é o relacionamento de Charlie com os livros e com a escrita. Esses dois elementos estão fortemente presentes em minha vida e por conta disso foi muito fácil me sentir conectado com esse personagem tão complexo.

Destaco ainda, a importância de educadores competentes e humanos no meio escolar, pois a presença de um professor que nota as particularidades de Charlie e o incentiva na leitura é um dos pontos que mais ajudam o garoto a segurar as pontas quando tudo está desabando.

Na questão da escrita, temos os momentos em que ele escreve cartas desabafando e contando suas experiências, o que funciona como um elemento de cura para uma mente tão perturbada por problemas e traumas como a dele.

A música também está completamente presente nessa jornada e dá um clima todo especial ao filme. Músicas marcantes que aparecem em cenas igualmente marcantes vão demorar a sair das mentes daqueles que decidirem se aventurar nessa história.

Esse não é um filme em que acontecem grandes fatos, mas nem sempre é preciso de grandes momentos para se construir uma história. Os momentos de reflexão e de um simples encontro com os amigos fazem toda a diferença e, apesar de corriqueiros, podem se tornar marcantes para uma vida que está acostumada a sofrer e sentir-se sempre à parte de tudo.

Por todas essas razões, eu recomendo fortemente essa obra a qual não canso de assistir e que sempre me emociona muito, pois sinto que os personagens são reais e possíveis. Pode existir um Charlie na vida de cada um de nós, precisando ser visto e precisando de ajuda, amor e cuidados. Amadurecer não é e nunca será fácil. Enfim, tantas questões como as que são destacadas no filme tornam tudo ainda muito mais desafiante. Conheça a turma dos desajustados e se apaixone por essas pessoas cativantes. Charlie vai te levar numa jornada inesquecível, não tenha dúvidas!

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