De Técnica em Mecânica à mestranda em Estudos Linguísticos: Entrevista com a ex-Aluna Juliana Cristina Ramos Vaz

São duas áreas pelas quais eu tenho um carinho muito especial e espero poder ver cada vez mais meninas e meninos onde eles desejam estar

Juliana Cristina Ramos Vaz ingressou no curso Técnico Integrado em Mecânica do IFMG campus Congonhas em 2013 IFormou-se em 2016. Nesta entrevista ao ComuniCong, a ex-aluna relembra como é estudar na instituição e fala um pouco sobre as mudanças que ocorreram na sua vida quando iniciou o curso de Licenciatura em Letras na UFMG, ainda em 2016, e o Mestrado em Estudo linguísticos, nessa mesma instituição, em 2021. A ex-aluna ainda aborda a sua opção pelo curso de Letras, o seu atual objeto de pesquisa, as especificidades de cada um desses cursos e o seu desejo, desde que se formou no curso técnico em Mecânica, de um dia poder retornar ao IFMG campus Congonhas como professora.

Como foi sua experiência durante o curso técnico realizado no IFMG? Você tem alguma dica para quem está começando agora um curso técnico no IF?

R. Minha experiência enquanto aluna do IFMG campus Congonhas foi incrível! Na verdade, quando recebi o resultado da aprovação, eu não esperava um ambiente tão receptivo e acolhedor por parte dos funcionários e uma infraestrutura tão boa quanto a que encontrei. A carga horária é, sim, mais extensa que a das demais escolas devido ao curso técnico, mas os professores, assim como a área pedagógica, não deixam de ponderar essa especificidade e o técnico pode ser uma ótima forma de conhecer uma área de atuação e de uma futura inserção no mercado de trabalho. Sobre a infraestrutura, temos laboratório de informática, biblioteca, espaço médico e psicológico, o que, infelizmente não é a realidade de muitas escolas brasileiras. Além disso, professores muito competentes e sempre dispostos a ajudar.

Se eu pudesse dar alguma dica para quem está se formando no ensino fundamental ou pretende estudar no IF, seria esta: Se você tiver a oportunidade, faça! Para aqueles que estão iniciando o curso, sei que a adaptação pode ser um pouco complicada, afinal, é um novo ambiente, com novas pessoas e uma dinâmica, muitas vezes, diferente da que estávamos acostumados, mas, com o tempo, as coisas vão se acertando e o IF passa a ser nosso segundo lar.

O que levou você a optar pelo curso de Letras na UFMG? Qual foi a maior mudança em sua vida após ser aprovada nesta universidade?

 R. A minha escolha pelo curso de Letras na UFMG se deu principalmente por três motivos: a proximidade que tenho com as áreas das linguagens e humanidades, a admiração pelos professores que passaram pela minha vida e deixaram, também, um pouquinho de si (ou a vontade de fazer diferente para os casos em que a experiência não foi tão boa) e o desejo de contribuir para uma mudança no nosso país, ainda que futura, e na vida de alguém. Entrar na faculdade e no curso que eu sonhava foi uma experiência maravilhosa e eu posso dizer que aprendi muito sobre muita coisa. Eu aprendi sobre análise linguística e literária, sobre gramática e construção de textos, mas também sobre diversidade, resistência e empatia. Por isso, eu acho que é difícil elencar a maior mudança que ocorreu na minha vida depois da aprovação, porque muita coisa mudou e ainda tem mudado.

Você sempre soube que queria seguir na carreira acadêmica? Fale brevemente sobre a escolha de seu atual objeto de pesquisa no Mestrado em Estudos Linguísticos. 

R. Sempre pensei na possibilidade de seguir uma carreira acadêmica, porque acredito que a academia é um excelente espaço para compartilhar e construir conhecimento, se aperfeiçoar e contribuir, de algum modo, para a melhoria e bem-estar da sociedade. No entanto, preciso aproveitar o espaço para dizer que esta não é a única forma de ação social ou medida/ garantia de sucesso. Digo isso porque sei que atualmente muitas pessoas se veem pressionadas, assim como eu também já me senti, a conquistar tudo (faculdade, mestrado, doutorado e afins). Isso tudo até, digamos, seus 20 e poucos anos. Mas muitas vezes não é assim que acontece. Acredito que cada um tem sua própria trajetória, seu próprio tempo e que o mais importante é não desistir dos nossos sonhos. O mestrado, para mim, tem sido uma excelente oportunidade para refletir sobre a língua e sobre as práticas escolares que eu pretendo realizar enquanto professora de português. Meu projeto ainda está em fase de desenvolvimento, mas a expectativa é que a pesquisa se volte para o estudo da inovação lexical presente nos memes de internet e a aplicação deste em sala de aula, de modo a contribuir para o desenvolvimento do que chamamos competência lexical dos estudantes. Dito de outra maneira, pretendo estudar as novas palavras da língua portuguesa, que se fazem presentes nos memes, considerando o contexto em que elas aparecem, o sentido que assumem naquele contexto e o processo de formação delas, por exemplo. Além disso, a ideia é buscar alternativas para inserir estes estudos na sala de aula, porque eles podem contribuir para a formação dos estudantes.

O curso Técnico em Mecânica costuma ser predominantemente masculino. Já a Licenciatura em Letras é composta majoritariamente por mulheres. Tendo em vista esse aspecto, conte como foi a sua vivência em universos tão distintos.

R.  Minha experiência foi bastante distinta nesses dois espaços por uma série de fatores, incluindo a questão do gênero, mas devo dizer que este não foi um obstáculo para mim nem durante o curso técnico em Mecânica, nem durante a Licenciatura em Letras. Sei que aí está envolvida uma construção social que faz com que muitos associem determinadas áreas/atividades a homens ou a mulheres, mas de modo algum isso deve se relacionar à competência. Na minha turma de mecânica, éramos apenas 6 [meninas], mas bastante unidas, enquanto na Letras não sou nem capaz de calcular quantas somos. São duas áreas pelas quais eu tenho um carinho muito especial e espero poder ver cada vez mais meninas e meninos onde eles desejam estar.

Quais são as expectativas para sua vida profissional?  

R. Na verdade, desde que me formei no IF, penso em retornar. Espero que algum dia eu também possa fazer parte da equipe de professores do Instituto, os quais eu admiro e aos quais sou muito grata. De momento, o foco é terminar o mestrado e dar um passo por vez.

J

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