O emaranhamento do leitor em Orgulho e Preconceito

Por Amanda Matos | Estudante do Curso de Licenciatura em Letras do IFMG – Congonhas.

Mesmo que este seja um romance escrito em outra época, ainda continua muito atual por tratar dos dilemas cotidianos da vida no século XVI até os dias de hoje.

Jane Austen foi uma autora que viveu durante o final do século XVI e início do XVII. Reconhecida mundialmente por suas obras, dentre elas, “Orgulho e preconceito”, a qual foi objeto de adaptações, releituras e críticas.

A referida obra, publicada, pela primeira vez, em 1813, relata o amor entre Elizabeth e Darcy, amigo de um novo vizinho de sua casa, abordando, desse modo, questões referentes ao casamento e a ascensão social, sem deixar de mencionar as intrigas e dramas provocados pela família da jovem.

Já no que diz respeito aos personagens secundários de “Orgulho e preconceito”, foi possível perceber que eles conseguiram evidenciar sua relevância a partir do delineamento de suas próprias personalidades, mesmo que se tratem de histórias bastante particulares, todas se interseccionam em algum ponto.

Em relação a essa questão, pode-se citar, como exemplo, o fenômeno conhecido como spoiler alert, no qual o fato das duas irmãs de Elizabeth – Jane e Lydia -, embora seres distintos, terem seguido o mesmo caminho que a personagem principal.

Outro ponto que ainda merece relevo é o fato de que se enfoca, fortemente, no início da trama, a relação de ódio entre Elizabeth e Darcy. A meu ver, esse ódio latente constitui-se em uma espécie de técnica de emaranhamento do leitor, para que, ao longo da história, tal ódio se converta em amor.

Nesse sentido, Austen parece ter se valido, na obra, de uma técnica na qual, ao apresentar Elizabeth e Darcy como dotados de uma personalidade forte e orgulhosa, conhecida, hoje, pelo termo “enemies to lovers”, em tradução literal, inimigos para amigos, faz com que o livro se torne referência nesse aspecto. Para além dessa questão, é possível perceber, ainda, que a obra também se encaixa no conceito de “slow burn”, um termo cunhado pelas fanfictions ou fanfics, histórias escritas por fãs, baseadas em histórias originais.

É possível afirmar, também, a partir dos pontos elencados, que o livro é bem interessante e vale a indicação para leitores veteranos no que se refere ao gênero romance. Entretanto, deve-se ressaltar que, a depender do ano e da editora, a obra pode apresentar uma escrita mais truncada, menos leve, nada que suprima a sua importância ou deixe a história menos interesse.

Por fim, é possível dizer que o livro apresenta uma série de sutilezas, as quais são evidenciadas no decorrer de cada detalhe e que poderiam, de alguma forma, mudar o rumo de toda história. Características como essas e as supracitadas são, a meu ver, estratégias que capturam e seduzem o leitor.

Resta, portanto, perguntarmo-nos: como um homem egoísta e orgulhoso, como Darcy, poderia se apaixonar por uma mulher gentil e educada como Elizabeth? Como personalidades tão distintas podem acabar juntas? Para além desses questionamentos, “Orgulho e preconceito” versa sobre amor e aceitação, mesmo que este seja um romance escrito em outra época, é possível afirmar que ainda continua muito atual por tratar dos dilemas cotidianos da vida no século XVI até os dias de hoje.

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